Saber se posicionar adequadamente frente a qualquer situação, seja pessoal ou profissional, parece tarefa difícil, mas não é. São necessárias algumas situações desafiadoras para se formar uma posição de autoconfiança que, muitas vezes não acontecem até que tenhamos consciência do quanto o posicionamento é importante e imprescindível para sermos verdadeiramente respeitados por nós mesmos e pelas outras pessoas que nos cercam.

Pertencer é antes de tudo um sentimento natural, uma necessidade de qualquer ser humano. Cada pessoa que nasce ou é vinculada a um sistema, necessita ser reconhecida como membro integrante e respeitada no seu lugar e papel dentro desse mesmo sistema.

No Sistema Condominial, os membros – síndico, subsíndicos, conselheiros, moradores em geral, funcionários, prestadores de serviços etc - são únicos e todos têm o direito de pertencer. Isso equivale dizer que ninguém pode ser excluído não importando suas características, dificuldades ou virtudes pessoais. Todos são importantes para o Sistema. Quando ocorre uma exclusão no sistema acontece um desequilíbrio, consubstanciado em renúncias, destituições, expulsões nos casos de condôminos tidos como antissociais, problemas financeiros, problemas estruturais, ações judiciais de toda ordem, excassez financeira etc.

Quando não há acordos claros, regras previamente combinadas cumpridas ou quando a comunicação não é fluida e acabamos deixando de incluir alguém em um projeto, em uma decisão, podemos estar violando a lei do Pertencimento de algum membros do grupo, causando muita dor naquele que se sentiu excluído, que passa a perseguir, perturbar, reclamar de forma demasiada em face do síndico, membros do conselho, funcionários e prestadores de serviços, os próprios pares, os vizinhos. Em suma, estaremos longe de alcançar o equilíbrio. Afinal, “Gente feliz não enche o saco”.

Fico aqui só imaginando como seria a Sindicatura Profissional, se o Síndico eleito não soubesse se posicionar diante de uma massa condominial repleta de opiniões diferentes, comportamentos nem sempre tão amigáveis, culturas e classes socioeconômicas muito distantes do comum. Será que todos os Síndicos sabem se posicionar diante do cargo que exercem? Será que possuem a Consciência do que é Ser o Responsável, o Mandatário, o CEO da empresa denominada “Condomínio”?

Ser respeitado como legítimo mandatário legal dos Complexos Condominiais parece algo distante de ser alcançado, utópico, imaginário, nada real. No entanto, se nos posicionarmos de forma adequada, respeitando nossas atribuições e a nós mesmos, a tarefa fica fácil e, até mesmo, automática, uma vez que essa energia fica arraigada, penetrada na nossa performance diária.

Quando isso acontece, somos capazes de resolver outros problemas como: questões comportamentais, operacionais, administrativas, financeiras, projetos de pequeno, médio e longo prazo etc, com o “pé nas costas”. Nosso grau de assertividade e eficiência fluem de maneira muito mais significativa.

 O ideal é que a forma de nos posicionarmos seja rápida, eficiente e objetiva, sem demagogia barata, afinal, sem congruência e lealdade pessoal e profissional nada acontece.

O ato de se posicionar também gera uma credibilidade no mercado condominial. Você passará a ser reconhecido como um profissional que sabe o que está fazendo. A sensação de confiança é imprescindível para quem deseja contratar um Síndico. Salvo algumas exceções, dificilmente há a contratação de um profissional que não transmite confiança, principalmente para cuidar do patrimônio alheio, do bem-estar e felicidade das famílias ou corporações que decidem viver e trabalhar em Condomínios.

Mesmo com toda confiança, equilíbrio e inteligência emocional e relacional, seremos testados pelo mercado, pelos moradores. E é aí que iremos descobrir as vantagens de sermos quem somos. São nas situações adversas que seremos testados. Se posicionar na emissão de uma opinião quando há outras opiniões contrárias, exige posicionamento, coragem. A Sindicatura, sem sombra de dúvidas, não é para covardes, despreparados e alienados. Podem até nos denominar prepotentes, egocêntricos, mas quem contrataria alguém despreparado, fraco, sem personalidade e sem saber se posicionar?

É na divergência respeitosa de opiniões que se verifica cristalinamente a nossa própria individualidade e a nossa própria maneira de encarar as situações. Tudo é uma questão de perspectiva e, pode até ser fácil lidar com mais naturalidade em grupos de amigos, entre membros da família ou até mesmo em um relacionamento amoroso. Porém, como se posicionar com uma opinião contrária quando se trata do ambiente de trabalho? Mesmo que de uma forma profissional, é possível driblar a situação e conseguir defender seu ponto de vista de forma prática, fácil e fluida por meio de habilidades que podem ser lapidadas ou construídas.

Defender de forma respeitosa a sua opinião vai muito além do que parece. Pode até parecer esquisito em um primeiro momento, mas, ao dizer o que você pensa e acredita, você também está sendo vitrine de respeito e admiração. Por exemplo, se você defende uma mudança no planejamento, mostra que você enxerga um problema e, também, um caminho para buscar uma solução. Portanto, ao se posicionar, você mostra que tem um ponto e não aceita tudo simplesmente por ser algo ditado. Mostrar que você enxerga além do lógico, também tem sua importância. Para ser um excelente Síndico, é imprescindível Ser antes de tudo, um Excelente Ser Humano, um Admirável e Respeitoso Líder.

Defender o que você acredita é fundamental. Tem tudo a ver com os valores e princípios que nos guiam para uma situação de liderança, delegando tarefas e pensando no melhor para o grupo, para o time. Portanto, seja firme e forte em seus propósitos, naquilo que você acredita! Afinal, toda a responsabilidade pela Sindicatura Profissional recairá nos seus ombros, de uma forma ou de outra.

A forma com que você opina sobre algo diz muito sobre você, de como você se posiciona no mundo. Saiba defender seus pontos de vista com embasamento, com conhecimento de toda a matéria, leia as entrelinhas, domine todo o contexto. Saiba se posicionar com inteligência.

Assim como é importante saber se colocar, também surge a necessidade de entender o momento de parar. Defender sua própria opinião, quando feito de forma exagerada, pode ser confundido com teimosia, prepotência. Isso enfraquece o seu discurso e aquilo que você prega como um profissional equilibrado e de confiança.

Saiba ceder, desde que não lhe traga nenhuma prejuízo ou problema. Saiba avaliar. Nem sempre sua ideia é a melhor ou está no melhor momento para ser colocada em prática. E reconhecer isso demanda muita sabedoria.

O discurso coletivo deve ser o seu Norte. Avaliações pessoais ou subjetivas devem ser pensadas antes de serem colocadas, principalmente quando direcionadas ao corpo diretivo, representante da massa condominial.   A habilidade de pensar no grupo, ter empatia no que é melhor para todos é uma qualidade muito importante nos Condomínios e pode ser desenvolvida por meio desses processos. Direitos umbilicais não podem fazer parte da gestão.

O desenvolvimento humano em relação ao conjunto de trabalho é uma conquista resultante da forma com que você se coloca, tanto em reuniões de trabalho, como a sua forma de encarar pequenos e grandes debates, como reuniões abertas com moradores e as Assembleias. Muitas vezes, nos deparamos com moradores truculentos atirando para todos os lados. Com equilíbrio e sabedoria, o Síndico preparado tira de letra e sai da situação ainda mais forte. Portanto, esteja preparado.

Pensando nisso que, não poderíamos deixar de dizer que, dentro do Ecossistema Condominial, a divisão dos papéis é imprescindível. Quando cada membro do time, do conselho, empregados, moradores, prestadores de serviços, vizinhos, não sabem o seu real papel, a tendência é que o Condomínio e o entorno, entre em desequilíbrio, onde todas as partes envolvidas perdem. Dentro de um Condomínio, o ideal, o melhor dos mundos, é que todos ganhem: bem-estar, valorização patrimonial, novos amigos, um local civilizado e ético para se viver.  

Quando assumimos o nosso papel, o engajamento, a troca de princípios e valores, torna-se muito mais fluída. Ações e movimentos solidários em prol da causa coletiva, são imprescindíveis, cuja aproximação é agradável, dinâmica e eficiente. Todos caminhando para o mesmo propósito é a forma mais recomendada para uma gestão de qualidade e com resultados efetivos para todos os envolvidos.

Ficar na zona de conforto é muito perigoso. Mostrar uma opinião contrária pode ser uma forma de ser arriscar e é por meio dela que você pode criar a habilidade de enxergar além do que já é implementado, de crescer ainda mais como profissional. Quem não arrisca, pouco consegue produzir e conquistar.

Ao se arriscar, você cria um repertório de enfrentamento, o que pode ser muito saudável para o seu desenvolvimento profissional e, se colocado em prática de uma forma respeitosa e equilibrada, pode ser o seu maior case de sucesso. Em muitos casos, pontos de vistas e soluções que ninguém, até então, pensou podem trazer bons resultados. Será você fazendo a diferença.

O tempo nos mostra que é necessária muita habilidade para discordar do outro. Em Condomínios, o embate de discordância é diário. Não é tarefa fácil dizer um “Não” e o morador entender que aquela negativa não é uma perseguição a ele, mas, simplesmente um “Não posso, pois, as regras aplicadas a toda a coletividade assim não permitem”.

Portanto, defender sua opinião, saber se posicionar, sentir-se pertencido, é um exercício eterno para aqueles que exercem o mister de serem Síndicos ou Líderes de qualquer empreendimento. A Sindicatura não é uma profissão para covardes. Ser um Líder é o que se espera das pessoas que escolhem exercer papéis de Liderança. O engajamento é natural e todos ganham.